Entre corridas de sacos, saltos à corda, construções de casas em madeira, jogos de dominó, edificações de castelos e foguetões em papelão ou estradas desenhadas em lama para grandes velocidades atingidas por camiões, não poderíamos ter sido mais felizes a brincar no Parque do Choupal.
Passou a correr, mas quem por ali andava tudo daria para parar aquela manhã no tempo, só para ter o tempo certo para a contemplar, agraciar e aplaudir: a azáfama das bicicletas – que nunca descartavam a segurança visível naqueles amorosos e pequenos capacetes -, dos triciclos, motos e trotinetes que davam vida e movimento ao passadiço cimentado, enquanto o redor verdejante via florescer todo o tipo de brincadeiras: a aranha que desafiava os pezinhos pequeninos e a força das mãos a subir mais e mais um bocadinho; o giz que desenhava macacas, nomes, corações e flores que, presentes em jardins reais, constituíam todos os motivos para serem também regadas, dada a beleza e inocência das crianças ali aplicada; a inesperada corrida de bichos-de-conta que colocou as atenções e nervos dos mais pequenos à flor da pele; os sonhos esvoaçados em formas de bolas de sabão; as crianças que esperavam impacientemente pela chegada dos seus insubstituíveis amigos da escola, porque aquelas brincadeiras especiais só podiam ser partilhadas com pessoas especiais; os pais que (re)encontravam grandes amigos sem que nada o fizesse prever…
Naquela manhã ventosa e algo solarenga no Parque do Choupal, dávamos os primeiros passos – neste novo ano letivo – no sentido de reforçar também os laços de vizinhança, , confiança e relações de comunidade em Torres Vedras.
Para casa, os 125 pequenos brincadores (crianças) levaram na roupa vestígios daquela manhã feliz, ora nas calças matizadas de giz, ora em todo o resto do corpo que se deu ao manifesto na hora de descobrir o que a terra mãe escondia por ali debaixo.
Para casa, os brincadores mais crescidos (76 famílias presentes) levaram com eles as lembranças de outros tempos, como se aquela manhã fosse o bilhete que se compra para recuarmos às memórias das brincadeiras de infância e por lá ficássemos, apenas mais algumas horas. Para casa, o programa Brincar de Rua, em parceria com o Município de Torres Vedras, levaram a certeza de que este é o caminho para crianças e comunidades mais felizes.
O evento, organizado pelo Brincar de Rua, (o programa da Associação Ludotempo – Associação de Promoção do Brincar, que permite que as crianças voltem a brincar na rua, de forma não estruturada e em segurança), tem como objetivo a divulgação, junto das famílias, dos 2 Grupos Comunitários do Brincar que existem em Torres Vedras.
O Grupo Comunitário do Brincar é um grupo de crianças (máximo 15), com idades entre os 4 e os 12 anos, monitorizado pelos Guardiões do Brincar (voluntários) que garantem a segurança do grupo e gerem todo o processo enquanto as crianças brincam.
Estamos prontos para brincar todas as semanas em Torres Vedras. Onde?
Grupo Comunitário do Brincar Largo São Pedro: quartas, das 18h30 às 20h30
Este grupo ainda está ansiosamente a ser cozinhado. Já encontrámos alguns ingredientes: a zona do brincar ideal (Largo de São Pedro), as Guardiãs do Brincar (voluntárias) perfeitas…agora só falta mesmo termos um número mais generoso de brincadores (crianças) e tcharan… estamos prontos para brincar e criar sorrisos até a barriga nos doer de tanto rir. Queres inscrever um brincador neste grupo? Vamos a isso!
Grupo Comunitário do Brincar Parque do Choupal: sábados, das 10h às 12h
Vrrr… arrancámos a toda a velocidade e agora ninguém nos vai parar. Dia 26 outubro foi a nossa primeira sessão e prometemos brincar muito, na alegria e na tristeza, na saúde e na constipação, até que a vida adulta nos separe… Tens um brincador lá em casa que vai qurer brincar muito neste grupo? De que estás à espera?
A inscrição de crianças em ambos os grupos é gratuita, suportada pelo município de Torres Vedras.
Leave a Reply