As Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) têm um grande potencial para promover aprendizagens complementares e significativas. No entanto, em muitos contextos, estas carecem de flexibilidade e de uma ligação mais efetiva às reais necessidades das crianças e das escolas. Foi este desafio, aliado à vontade de repensar as AEC enquanto ferramenta educativa de impacto, que nos levou a criar o projeto “Educar Fora da Sala de Aula”. Queríamos olhar de forma mais profunda para o que é feito e como poderíamos trilhar caminhos mais eficazes, inovadores e alinhados com o bem-estar de todos os envolvidos.
No âmbito deste projeto, financiado pelo programa Erasmus+ e percorremos quatro países, observámos escolas e comunidades educativas, participámos em oficinas e formações e dialogámos com profissionais de educação que partilharam connosco suas abordagens inovadoras. Vimos que é possível fazer diferente: oficinas temáticas onde as crianças aprendem carpintaria, olaria ou gestão de hortas; jogos de tabuleiro usados como ferramenta pedagógica para estimular o pensamento crítico; educadores contratados com condições estáveis e envolvidos no planeamento pedagógico da escola. Estes não são apenas exemplos – são evidências de que é possível criar contextos que promovem bem-estar, aprendizagens significativas e colaboração entre os diferentes agentes educativos.
As questões que nos trouxeram aqui
As nossas observações também levantaram questões cruciais sobre as AEC em Portugal:
- Como podemos reorganizar os conteúdos curriculares para tornar as AEC mais ricas e significativas?
- Que condições precisam de mudar para que as AEC não sejam apenas um complemento, mas uma extensão do projeto educativo da escola?
- É possível garantir condições laborais mais dignas e formação contínua para os profissionais que desenvolvem as AEC?
- Como podemos construir um modelo mais colaborativo entre escolas, entidades externas e comunidades locais?
Estas perguntas não são apenas reflexões teóricas. Elas partem de problemas concretos e precisam de respostas concretas. Sabemos que o modelo atual, em muitos casos, não atende às expectativas nem das crianças nem dos educadores. No entanto, também sabemos que é possível mudar – vimos isso em ação.
O que aprendemos e o que queremos partilhar
Não acreditamos em soluções universais ou receitas prontas. O que vimos foram formas diferentes de fazer, adaptadas aos contextos locais, mas que têm elementos em comum: planeamento cuidadoso, valorização dos profissionais, integração das aprendizagens não formais no dia a dia escolar e respeito pelo ritmo e pelas necessidades das crianças. Estas práticas demonstraram que é possível criar experiências mais eficazes, promotoras do bem-estar de todos os envolvidos – das crianças aos educadores.
Na Ludotempo, já começámos a incorporar alguns desses princípios. Ajustámos o currículo e a organização das AEC que prestamos e lançámos as “Aulas Verdes – Aprender na Natureza”, um serviço que valoriza o contato direto com o meio ambiente. Estes são apenas primeiros passos, mas sabemos que é possível ir mais longe.
Convocamos todos para esta conversa
Este é um convite. Um apelo para que possamos, juntos, construir um futuro melhor para as AEC e para a educação em geral. Queremos ouvir mais vozes – de educadores, pais, decisores políticos, provedores de serviços e outros interessados – e criar um espaço de diálogo e transformação. Se já conseguimos tanto com tão pouco, imagine o que podemos fazer se tivermos condições adequadas, apoio coletivo e uma visão partilhada.
Na Ludotempo, acreditamos numa educação que transforma vidas e comunidades. Vamos juntos construir este futuro?
Para consultar o relatório do projeto onde descrevemos em maior detalhe as atividades e observações realizadas, clique aqui: bit.ly/EducarForaDaSalaDeAula_RelatorioPublico
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