Teletrabalho com filhos? Em primeiro lugar, se estás a ler este artigo sabe que és privilegiado:
1) tens uma criança (ou mais) adorável em casa contigo; 2) tens emprego; 3) consegues preocupar-te com o teu bem-estar psicológico e o dos teus filhos (ou seja, não tens outras urgências que deixem este aspeto em segundo plano). É importante que tenhas consciência disso, para que consigas relativizar; os próximos dias vão ser desafiantes certamente, para ti, para os miúdos, mas com um pouco de organização, princípios firmes e calma tudo se vai resolver e, esperamos, vamos sair disto mais fortes…
As dicas que aqui incluímos são simples e partem de dois princípios fundamentais: 1) criar regras básicas de funcionamento, para que as crianças tenham espaço para se exprimir e para que tu possas ter tranquilidade para trabalhar e passar um bom tempo em casa; 2) a energia de brincar é a melhor energia disponível para qualquer criança se expressar, desafiar, entreter e crescer… os ecrãs… bom, os ecrãs fazem parte das suas vidas, mas a sua energia está pouquíssimo alinhada com as necessidades de uma criança até aos 12 anos.
Vamos às dicas?
Teletrabalho com filhos: dicas para manter a sanidade mental e as crianças ativas, com tempo mínimo de ecrãs
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- Mantém um lugar em casa onde não faça mal haver confusão (brinquedos desarrumados, pinturas…) e define limites (“aqui pode, ali não”).
- Define limites de tempo de ecrã diários. Ajusta à idade da criança e sê realista, mas exigente. Nota que mais do que 2 horas por dia é meio caminho andado para gerar habituação e confusão na altura de dizer “já chega”. Idealmente, 1 hora de tempo total de ecrã seria mais do que suficiente. Aconselhamos-te vivamente a nunca permitires mais do que uma hora seguida de ecrãs.
- Se te conseguires concentrar mantém-te junto dos miúdos quando eles estão a ver/ jogar e interage com eles (se não consegues, não te martirizes; é preciso ser prático).
- Define um horário para ver/ jogar e cumpre esse horário sem vacilar.
- Cria a carta joker, que permite que eles vejam/ joguem “só mais 10 minutos”. Define com eles quantos jokers estão disponíveis durante a semana e sê firme na sua aplicação. Os jokers são entregues aos miúdos, para que façam a sua gestão e os entreguem a ti, sempre que entenderem.
- Define um horário diário para sair de casa: ir dar uma volta ao quarteirão; ir bater à janela de um vizinho, familiar ou amigo; ir com o cão à rua – é permitido, é seguro e é recomendável. Segue as regras de segurança e tudo ficará bem.
- Larga o teu telemóvel/ ecrãs quando estiveres com os miúdos. Aproveita esse tempo para mimar a relação. Põe “tempo com os miúdos” no teu calendário de trabalho, de forma razoável e que consigas cumprir. Pede desculpa, explica e compensa quando não conseguires cumprir (porque, quase de certeza, haverão vezes em que não vais conseguir cumprir).
- Ajuda os miúdos a perceberem os recursos que têm em casa (para criar, brincar…) e estimula a sua autonomia. Lembra-os o quanto são privilegiados em ter uma mãe/ pai/ família maravilhosos e por terem coisas para brincar, pintar, criar…
- Não deixes o pacote das bolachas “à mão de semear” – nem para ti nem para eles; a tentação é forte demais.
- Mantém o contacto com os amigos. Mesmo. Fotografias de brinquedos e brincadeiras costumam ser um sucesso cá em casa.
- Sê pragmático, se houver confusão… Define os teus limites de forma clara em teletrabalho com filhos e não dispenses energia com coisas menores.
- Quando eles estiverem aborrecidos tenta não cair na tentação de resolveres tu a questão com uma sugestão de atividade. Dá-lhes espaço para resolver e encontrar alternativas; caso contrário é natural que da próxima vez que se sintam “aborrecidos” estejam à espera que tu resolvas. Se tiver mesmo que ser visita o PLAYlab – ideias de brincar.
- Façam a cama – mesmo que a casa fique uma confusão, no final do dia, chegar ao quarto e ver a cama feita é um potencial tranquilizador – comigo resulta.
As crianças precisam de tempo e constância…
Lembra-te que o mais provável de estar em teletrabalho com filhos é que (ou) tudo comece a correr muito bem e, com o tempo, se complique; (ou) tudo comece muito mal, e depois melhore. É a natureza humana a falar mais alto. As crianças precisam de tempo e constância. Sejam quais forem as tuas opções vacila o menos possível, pois todas as alterações que provocares à rotina levam tempo a surtir efeito.
Tem calma. Diverte-te tanto possível e lembra-te que estamos juntos: aqui em casa os “desafios” são certamente semelhantes aos teus; e, em breve, estaremos juntos na rua numa Tribo do Brincar perto de ti.
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Saudações brincadoras!
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