Em 2015, o Professor Carlos Neto chamava a atenção da comunicação social com a afirmação:
“Estamos a criar crianças totós, de uma imaturidade inacreditável”.
Agora voltou a estar sob os holofotes dos media com o lançamento do seu livro “Libertem as crianças” (Contraponto), que é uma espécie de grito de alerta para pais e educadores.
Para este especialista, existem realidades alarmantes nos nossos dias. Uma delas é a iliteracia motora. Afirma que “estamos a criar totós, dependentes, inseguros e sem qualquer cultura motora. Vemos crianças de 3 anos que, ao fim de dez minutos de brincadeira dizem que estão cansadas, outras de 5 e 6 anos que não sabem saltar ao pé-coxinho. Já as de 7 não sabem saltar à corda e algumas de 8 anos não conseguem atar os sapatos. É o que chamo de iliteracia motora”.
Carlos Neto: “antes do confinamento, as crianças já estavam confinadas”
Estas dificuldades advém da forma como as famílias vivem atualmente, com as crianças superprotegidas sem qualquer confronto com o risco, ou seja, sem possibilidade de experimentar a superação, com os pais “presos” em horários profissionais alargados, as crianças com o tempo livre todo organizado em actividades pré-programadas, sem tempo para brincadeira livre, na rua, em cidades que não têm espaços disponíveis para isso.
Afirma que a escola e os recreios têm de ser um espaço para brincadeira, enquanto a sociedade como um todo não se organizar para proporcionar aos mais novos mais tempo de ar livre, mais interação com as famílias.
Apoiado em estudos e na sua vasta experiência, o Professor Carlos Neto traz-nos dados reveladores:
“Há uma correlação muito forte entre as crianças que brincaram muito e adultos empreendedores e felizes”. Não se trata, portanto, de encarar o ato de brincar como uma coisa menos importante, mas ao contrário, assumi-lo como primordial no desenvolvimento saudável de qualquer criança e de futuro adulto. Com a pandemia, a situação das crianças piorou drasticamente.
Para o Professor Carlos Neto, “antes do confinamento, as crianças já estavam confinadas, no que respeita à falta de tempo livre para serem crianças. Com a pandemia, agravou-se ainda mais. Isso tem consequências na saúde física, como o excesso de peso e o analfabetismo motor; e na saúde mental, com o aumento da ansiedade, da depressão, do stresse, da hiperatividade e do défice de atenção. Trabalho há 48 anos com crianças dos 3 aos 12 anos e, no regresso após o confinamento e as férias, vi excesso de peso e uma regressão muito acentuada das suas competências motoras. Algumas, ao fim de dez minutos de Educação Física, estão cansadas. Acham o suor esquisito e nojento. Significa que passam muito tempo no sofá, uma das maiores doenças do século. É uma hecatombe.”
Para o Professor Carlos Neto há só um caminho: mexer o corpo, ser ativo, sair de casa, estar em contacto com a Natureza, ou seja: Brincar de Rua.
Preocupações partilhadas por pais e educadores
O programa Brincar de Rua é uma resposta para todas estas preocupações do Professor Carlos Neto, que muitos pais e educadores partilham.
Fornece respostas práticas e metodologias, apoiadas na formação de voluntários adultos – os Guardiões do Brincar – para combater o sedentarismo, a obesidade infantil, a iliteracia motora, o excesso de ecrãs e também as perturbações de saúde mental que tanto preocupam pais e educadores. Saber como e fazer parte da solução:
* Saber mais aqui:
Carlos Neto é um dos maiores especialistas mundiais na área da brincadeira e do jogo e da sua importância para as crianças. Para este professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL), brincar é um assunto muito sério. Por essa razão, o trabalho de investigação académica que tem vindo a desenvolver há quase cinco décadas centra-se sobretudo no papel do brincar e do jogo no desenvolvimento da criança, na independência de mobilidade em crianças e jovens e no bullying nas escolas.
É um dos membros fundadores da cooperativa de ensino «A Torre», onde trabalha desde 1972 com crianças dos 3 aos 10 anos, no âmbito do jogo e motricidade infantil. Esse trabalho engloba a formação teórica e prática dos alunos da FMH, tanto das diversas licenciaturas como de mestrados e doutoramentos. Em paralelo, Carlos Neto orienta diversos projetos de investigação e intervenção comunitária e colabora com um leque alargado de entidades e autarquias.
A sua vastíssima experiência faz do professor Carlos Neto uma presença assídua nos meios de comunicação social. Considera que as crianças devem ter liberdade de brincar e de explorar a Natureza, de subir às árvores e mexer em terra e lama para poderem desenvolver-se de forma saudável, fazendo com que esteja em plena sintonia com o Programa Brincar de Rua e seja o seu mais famoso Embaixador.
Perfeito. Sou professor, embora trabalhar numa autarquia, com um presidente Prof educação física e um ex Vice presidente Doutorado em Ética Desportiva, ( esteve dois mandatos):, mas que rapidamente engoliram os conhecimentos.. o presidente lAgora é Prof de Off Chores..Há anos que luto para trazer as criancinhas à mãe natureza, mas sou apelidado de louco..